sábado, 26 de setembro de 2009

Você: como se eu estivesse em uma tarde de quarta-feira de férias em casa com chinelos e coque no cabelo.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Simples?!
Foi só fechar os olhos que e trabalhador de ontem se percebeu sozinho. Ontem era pura animação: a empolgação de um novo posto. Hoje, tudo já tinha virado rotina. As boas expectativas de uma nova tarefa, da realização e reconhecimento foram passando. Amanhã, as barreiras vão surgir, e aquilo que parecia bom, útil e de grande oportunidade, vai desaparecendo... E quanto mais ele pensava nisso, mais apertava seus olhos, puxava os cabelos e chorava, chorava e chorava enquanto a água gelada ia escorrendo naquele corpo que ele pouco conhecia. Pedia – implorava – para não estar louco. Sabia que estava perdendo seus traços de sanidade, mas não podia deixar se aceitar como um animal em plena civilização do século XXI.

Mas ao passo que tentava resistir a sua condição, mais se entregava a dor: não tinha forças para resistir ao descobrimento de que era mais um, apenas um! Chorava, ao caminhar do banheiro à cama, do quarto ao telefone. Ah... Alguém iria ter que o entender: precisava de alguém para compartilhar sua dor! Mas estava sozinho, na louca lógica da vida para si mesmo: trabalho, motivação, comida, ilusões, decepções, esforço, suor, nada e nada, e tudo para reconhecimento – para seu próprio conhecimento nesta “civilizada” sociedade.

Quando já não tinha a quem discar e pouco sentido conseguira no choro e as perguntas que fazia a si mesmo, quase que sem nenhuma esperança, o telefone tocou e ele descobriu: não precisaria mais de motivação para viver seu dia-a-dia, nada de massagem para aguentar acordar o outro dia cedo e ralar mais um pouco para que outros rissem por trás, ou com desanimo buscassem ensiná-lo. Ele simplesmente descobriu que não precisava ser forte, não precisava viver para si, tinha que estar bem. Tinha que viver sem saber se algo iria fazer para mundo, se realizaria algo cuja história o presentearia com a eternidade. Simplesmente soube que era para um outro alguém que ele continuaria a respirar. Sim, não mudaria mais o mundo, mas o seu próprio. Ah, com certeza se guiaria pelo abraço e sorriso, os quais não seriam uma atitude de ingenuidade diante dos problemas, mas sim, sabia que a dureza desgasta a todos e, portanto, só poderia ser humano, viver tranquilo, sabendo que o futuro não o pertence, e que não vai fazer um terremoto de transformação, vai simplesmente viver, viver no prazer de amar e revelar o amor.

Sim, ao trabalhador bastaria o simples: iria ter que comer, ter que conhecer os problemas e arquitetar soluções, mas disso não mais faria sua vida. Viveria, viveria para o outro. Assim, ele abriu os olhos, se despediu daquele que ligou de forma inusitada. Ficou em paz, e só queria mostrar que estava assim: agora tomando um fôlego... Sem, mágoas, sem pressa, sem soberba, sem orgulho, somente intimo de suas sensações e dos outros. É, ele muito queria abraçar, beijar e abrir um mega sorriso... Aceitou não ser assim tão civilizado, condicionado a busca pela perfeição...