quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sacrificar um pedacinho do mundo imaginário...

Bem, para mim o texto do Gorz tem outro sentido agora.
Parece que se perdeu a linha divisória entre o "eu" e o "outro". Ele não fez sacrificios por ela; não havia mais uma divergência entre "vidas/almas". Repito, ele não cometeu nenhum sacrificio - não se doou a ela por amor. Fez o que fez porque ela já era ele, ele já era a D. Criou toda a história, montou o seu conto de fada para honrar (legitimar) seu ato... consumou a morte em que já vivia, admitiu-se como defunto a partir da história mágica. Quis se tornar o principe encantado: compor a peça de desejo perfeita para a aprisionada princesa (trancafiada, mais bela = débil/doente, mas lutadora, companheira, desejável...). Mais uma história cheia de "ego": Gorz havia de se mostrar como o principe perfeito para seu próprio consolo de vida. Quis que a realidade fosse um reflexo dos seus desejos... morreu bem, pelo menos; se deu bem: não precisou compartilhar da idéia de mundo X desejos, eu, outro... idealizou a despedida perfeita, honrada...

Não sei se faz algum sentido para quem já leu o texto Carta a D. de Andre Gorz, mas sei, deve fazer muito menos sentido para os que ainda não leram. Então um asugestão: leiam, esse curto texto, sublimem-se pelo amor e ato nobre de sacrificio e companheirismo eterno, até que um dia, aos prantos, magoados com o que se pareceram para alguem que amam; chorando, sei que a minha versão poderá ter algum sentido.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Resumo da ópera
Às vezes não desejo que entenda, só quero que compartilhe os mesmos sentimentos – que saía de si mesmo e busque a alma daquele que está próximo.
Hoje e aos 40 anos
Tenho medo dos anos que passam. Não é o receio das rugas ou dos cabelos brancos – que ainda os poucos que nascem posso arrancá-los com a certeza de que outros mais não irão surgir no lugar. Talvez, o que mais me desencoraja sobre o que está por vir seja apenas o presente. É o meu olhar que observa as mulheres de seus 40 anos. Essas que me rodeiam parecem guardar algo em comum: uma existência voltada a si mesmas. Elas estão sempre a fazer uma análise do dia-a-dia e dos outros (para não chamar isso de fofoca; e bem sei que agora faço o mesmo em relação a esses “jovens espíritos” que me amedrontam). As suas rodas de bate-papo nada mais são do que uma bela sessão de ajuda mútua: falam o quanto puder daquilo que as perturbam para, enfim, sentirem-se aliviadas: apontam o dedo, enchem-se de argumentos para dizer quanto o fulano foi fraco, como agora está por baixo, como que de seu orgulho só plantou fracasso... Parecem tirar aquele sapato apertado depois de anos em que não mostram ter vivido tão entusiasmadas.
Essas mulheres maravilhosas refletem apenas um objetivo fixo, e como se todo o resto fosse apenas futilidade. Fica apenas o objetivo máximo de sucesso (seja lá qual for: uma super mãe, a CEO, a melhor motorista... sempre um objetivo... O objetivo...), e quando alguém surge para atrapalhá-lo (apenas pelo fato de buscar também seu “O objetivo” ou ter uma outra leitura), surgem as falas de desprezo entre as amigas que bombardeiam esse sujeito que se meteu no caminho.
Como está o seu sapato hoje?
No
Are you worried about the world problems?
No, you are just worried about your perception and your feelings about it.
Are you worried about the person close to you?
No, you are only worried with your position in relation to this person.
Are you worried about having enough time to live well?
No, you can just think about succeeding.
No worries other than with you. Your perception about God, the world and the human kind is summed up in your own interests. Why get more information? Why think more? Why pray so much? Why all this if the objective is only you?

sábado, 9 de janeiro de 2010

Esse é um outro texto da minha amiga Nê...

“Quando vou ao banheiro, sinto uma sensação profunda quando a merda bate na água e a água em minha bunda”.

Eca... aposto que muitos pensaram assim, escutei essa frase quando estava ainda no colégio, na hora muitos fizeram cara de nojo, de repulsa pelo uso de certas palavras, e outros deram risada, pelo conteúdo rimático e cômico da frase, eu era uma dessas pessoas.
Na hora foi aquele escarcéu, mas depois que o sinal tocou fomos todos para a sala de aula, certamente que uns quiseram esquecer essa frase, mas fiquei imaginando como uma pessoa teria a capacidade, criatividade e humor para fazer uma frase dessa, não cheguei a nenhuma alternativa boa de explicação.
Hoje, em pleno sábado, trabalhando, após alguns anos com essa frase no baú de recordações, cheguei a uma conclusão.
Parei para refletir e vi que essa frase tem um sentido além de sua rima, analisando as palavras à frase empregadas observamos que a palavra banheiro pode significar refúgio, merda = problemas, água = realidade e bunda = consciência.
Nossa, uma conclusão em tanto né?! Antes de explicar, leia a frase trocando as palavras, ela fica assim:

“Quando vou ao refúgio, sinto uma sensação profunda quando o problema bate (cai) na realidade e a realidade em minha consciência”.

Hum... agora posso apostar que os rostos olhariam confusos e arregalados em direção a pessoa que pronunciasse essa frase, talvez pelo fato de realmente significar algo.
Fiquei analisando e percebi que as pessoas vão ao banheiro para fazer suas necessidades é claro, mas muitas refletem em suas vidas, escolhas, oram, pensam, isso tudo depende do tempo que elas costumam ficar dentro dele, mas em geral é isso que o banheiro significa, um refúgio para sair do lugar da onde estava para pensar no que fazer ou no que se fez.
Normalmente usamos a palavra merda para expressar algo errado ou algo que não nos agrada, e problemas com certeza é algo que ninguém gosta de ter, então a palavra ali empregada faz muito sentido.
Água é algo que está dentro da nossa realidade, do nosso mundo, sem ela não vivemos, acho que posso colocar assim, sem ela o mundo se perde, as pessoas ficam desesperadas, e uma vida sem realidade é fictícia, é virtual, é tudo e nada ao mesmo tempo.
Consciência é uma palavra meio forte para ser colocada sob a palavra bunda né? Mas em minhas análises percebi que elas se equivalem, não pelo seu significado ou função, mas pelo modo a ser empregado. A consciência nos leva a pensar, mas normalmente pensamos melhor quando estamos sentados – bunda – relaxados, sem qualquer preocupação se há alguém nos observando.
Após esse jogo de palavras, significados e interpretações chego a conclusão da frase, e ela me traz a tona um dito popular que diz “Quando a água bate na bunda é que resolvemos fazer algo”. Essa frase após suas modificações me mostra que primeiro temos que nos refugiar do nosso mundo, para depois analisar os problemas que estão em nossa realidade, sem esquecer é claro de como nosso corpo, alma, coração e consciência vão reagir aos nossos pensamentos.
É... acho que após alguns anos de vivência, pude ver que precisamos refletir mais no que cada palavra realmente significa para nós e tentar resolver nossos problemas – merdas – antes que eles surgiam como um peso em nossa consciência dentro da nossa realidade.

Bjones a todos.

domingo, 3 de janeiro de 2010

O expressar-se
A timidez fez com que o lápis,
que pousara outras vezes sobre esta folha de papel,
hesitasse

Agia conforme sua falta de palavras para se expressar
Não sabia como fazer tangível o que agora só lhe restava esperar
Enfim, o prazo de validade

A eternidade que podia vir de todos os momentos inusitados,
parecia-lhe exaustivo
Acreditava que assim tudo perderia o seu encanto...
Mas desapercebido,
deixou de revelar a si sua falta de imaginação,
sua limitação diante das palavras que se renovam eternamente

Limitado, tímido, mas ousado
Havia de externalizar o que sentia, tanto seu prazer,
como sua indignação por achar tão difícil prosseguir
sobre aquelas linhas do papel – como expressar sua admiração?!

Então descobriu que haveria de contemplar
De longe achou que poderia inspirar-se pela liberdade das palavras
E assim forçou no papel sua inspiração,
Impulsionado por todo aquele sentir
que tanto hesitava em se tornar palavra,
escrita, toque, história, texto, poesia...

Ainda está na expectativa...
O dia do encontro está por chegar, e eis que o lápis
há de tocar com doces palavras a folha de papel, que também,
calada, em branco, o aguarda...

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Fim de Ano: partidas e chegadas

Descobri que não vamos até estações rodoviárias, ferroviárias ou aeroportos, mas sim, carregamos em nós esses momentos de despedidas e reencontros. Não que imagine um trem saindo de uma orelha a outra, ou um avião pousando sobre nossas cabeças, mas simplesmente percebi que não tenho mais medo de perder as pessoas, pois somos constantemente uma plataforma de chegada ou partida de amigos, familiares, colegas, amantes... Como se a cada nova passagem vendida – a cada momento que nos dispomos a conhecer e nos relacionar –, mais ricos nos tornamos. Aprendemos a ouvir ou a discutir e muito discordar de novas idéias; ou receber tudo com uma curiosidade enorme, e até mesmo rir de coisas simples; e, quando não, deixamos nos sentir coagidos, aceitando os empurrões e críticas que nem sempre são para nós, mas apenas são uma forma de desabafo.

Às vezes as lágrimas não podem ser contidas, assim como o desanimo ou uma boa gargalhada tornam-se expressões incontroláveis por nós de nossos sentimentos. Do momento de interesse, da espera do passageiro – seja para chegar ou partir –, tudo parece somar-se a esse instante de expectativas: ou achar que tudo foi uma perda de tempo, sentir raiva e não ver a hora de recomeçar; ou poder ter o desejo do renovo sabendo que o que viveu foi único, foi a Vida que te abraçou e lhe concedeu oportunidades, sejam elas de mudar completamente o que você acredita (deixar-se levar), ou pelo contraste afirmar com veemência aquilo que não deseja mais.

Anima-me recompor todo o meu ano e relembrar as pessoas que de passagem conheci. Algumas foram presentes por um período longo, quase que durante todo o ano. Outras, no tempo de uma dança. E o melhor de tudo isso é saber que de forma não premeditada posso simplesmente me cruzar de novo com uma amiga que agora vai morar longe; com alguém que com choro me despedi, mas agora posso revê-lo sem mágoas; e tantos outros, que só de pensar me dá vontade de simplesmente agradecer essa tal Vida. Além de tudo, na contagem regressiva dos meses para a virada do ano, eis que surgem outras novidades que por enquanto não quero que se apressem em partir, se também desejarem, passem um pouco mais de tempo nessa estação – pois liberdade é concedida àquele que compra a sua passagem e para aquele que a vende –, e assim trocamos mais algumas figurinhas na espera do trem.

Por fim, a todos boas festas e que possam conhecer muitas pessoas com a liberdade de ir e vir, de deixar chegar e partir. Assim, permitir-se viver e se conhecer.