terça-feira, 20 de abril de 2010

Hoje e aos 40 anos
Tenho medo dos anos que passam. Não é o receio das rugas ou dos cabelos brancos – que ainda os poucos que nascem posso arrancá-los com a certeza de que outros mais não irão surgir no lugar. Talvez, o que mais me desencoraja sobre o que está por vir seja apenas o presente. É o meu olhar que observa as mulheres de seus 40 anos. Essas que me rodeiam parecem guardar algo em comum: uma existência voltada a si mesmas. Elas estão sempre a fazer uma análise do dia-a-dia e dos outros (para não chamar isso de fofoca; e bem sei que agora faço o mesmo em relação a esses “jovens espíritos” que me amedrontam). As suas rodas de bate-papo nada mais são do que uma bela sessão de ajuda mútua: falam o quanto puder daquilo que as perturbam para, enfim, sentirem-se aliviadas: apontam o dedo, enchem-se de argumentos para dizer quanto o fulano foi fraco, como agora está por baixo, como que de seu orgulho só plantou fracasso... Parecem tirar aquele sapato apertado depois de anos em que não mostram ter vivido tão entusiasmadas.
Essas mulheres maravilhosas refletem apenas um objetivo fixo, e como se todo o resto fosse apenas futilidade. Fica apenas o objetivo máximo de sucesso (seja lá qual for: uma super mãe, a CEO, a melhor motorista... sempre um objetivo... O objetivo...), e quando alguém surge para atrapalhá-lo (apenas pelo fato de buscar também seu “O objetivo” ou ter uma outra leitura), surgem as falas de desprezo entre as amigas que bombardeiam esse sujeito que se meteu no caminho.
Como está o seu sapato hoje?

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