Fim de Ano: partidas e chegadas
Descobri que não vamos até estações rodoviárias, ferroviárias ou aeroportos, mas sim, carregamos em nós esses momentos de despedidas e reencontros. Não que imagine um trem saindo de uma orelha a outra, ou um avião pousando sobre nossas cabeças, mas simplesmente percebi que não tenho mais medo de perder as pessoas, pois somos constantemente uma plataforma de chegada ou partida de amigos, familiares, colegas, amantes... Como se a cada nova passagem vendida – a cada momento que nos dispomos a conhecer e nos relacionar –, mais ricos nos tornamos. Aprendemos a ouvir ou a discutir e muito discordar de novas idéias; ou receber tudo com uma curiosidade enorme, e até mesmo rir de coisas simples; e, quando não, deixamos nos sentir coagidos, aceitando os empurrões e críticas que nem sempre são para nós, mas apenas são uma forma de desabafo.
Às vezes as lágrimas não podem ser contidas, assim como o desanimo ou uma boa gargalhada tornam-se expressões incontroláveis por nós de nossos sentimentos. Do momento de interesse, da espera do passageiro – seja para chegar ou partir –, tudo parece somar-se a esse instante de expectativas: ou achar que tudo foi uma perda de tempo, sentir raiva e não ver a hora de recomeçar; ou poder ter o desejo do renovo sabendo que o que viveu foi único, foi a Vida que te abraçou e lhe concedeu oportunidades, sejam elas de mudar completamente o que você acredita (deixar-se levar), ou pelo contraste afirmar com veemência aquilo que não deseja mais.
Anima-me recompor todo o meu ano e relembrar as pessoas que de passagem conheci. Algumas foram presentes por um período longo, quase que durante todo o ano. Outras, no tempo de uma dança. E o melhor de tudo isso é saber que de forma não premeditada posso simplesmente me cruzar de novo com uma amiga que agora vai morar longe; com alguém que com choro me despedi, mas agora posso revê-lo sem mágoas; e tantos outros, que só de pensar me dá vontade de simplesmente agradecer essa tal Vida. Além de tudo, na contagem regressiva dos meses para a virada do ano, eis que surgem outras novidades que por enquanto não quero que se apressem em partir, se também desejarem, passem um pouco mais de tempo nessa estação – pois liberdade é concedida àquele que compra a sua passagem e para aquele que a vende –, e assim trocamos mais algumas figurinhas na espera do trem.
Por fim, a todos boas festas e que possam conhecer muitas pessoas com a liberdade de ir e vir, de deixar chegar e partir. Assim, permitir-se viver e se conhecer.
Parabéns pelo seu blog. É a primeira vez que entrei.
ResponderExcluirEspecificamente sobre o seu texto de partidas e chegadas, me identifiquei bastante com ele.
Como aquelas pessoas que te cumprimentam, sabem seu nome. Falam um "OI!" com empolgação. E você não se lembra muito bem, fala "oi" também, meio sem graça.
Enfim, para essa outra pessoa, que de alguma forma foi marcada positivamente pela gente, fica a sensação de que, partindo ou chegando causamos uma boa impressão...
Parabéns mais uma vez, Feliz Ano Novo...
Flavio...
Belo texto, um balanço que rendeu frutos de lições para a vida. Sensível e sem julgamentos, é um esforço sempre melhor focar na "metade cheia do copo"; parece que é o que você conseguiu com essas palavras!
ResponderExcluirDesejo-lhe um 2010 livre pra que você busque o que te faz feliz, e mais humana, sempre.
Um 2010 ainda mais rico, de pessoas, em encontros e reencontros, nesse seu charmoso "terminal".
Beijo!